Conheça os principais conceitos e estratégias do tratamento da obesidade
Embora existam muitas promessas de medicamentos e técnicas “infalíveis” para perda de peso, não existe remédio mágico para o tratamento da obesidade. A escolha da terapêutica deve ser guiada por um endocrinologista que, junto de outros profissionais da saúde, indicará a cada paciente o melhor tratamento.
O que é obesidade?
A obesidade é uma doença crônica que, além de causar prejuízos à saúde física e mental, pode diminuir a expectativa de vida por aumentar os riscos de diversas doenças, tais como:
- Hipertensão arterial;
- Aumento de colesterol e triglicérides;
- Diabetes mellitus tipo 2;
- Diversos tipos de câncer;
- Doenças cerebrovasculares.
Nesse sentido, diagnosticar a doença e iniciar o tratamento da obesidade é fundamental para melhorar a qualidade de vida e reduzir a ocorrência de doenças graves e incapacitantes.
Atualmente, o diagnóstico de obesidade se dá pelo Índice de Massa Corporal (IMC), calculado através do peso do paciente dividido pela sua altura ao quadrado, cujos resultados podem ser compreendidos da seguinte maneira:
- De 30,0 a 34,9 Kg/m2: obesidade grau I;
- De 35,0 a 39,9 Kg/m2: obesidade grau II;
- Maior que 40,0 Kg/m2: obesidade grau III.
Vale dizer que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) lançaram uma nova proposta de classificação da obesidade, que vem como uma ferramenta adicional à análise do IMC. Essa nova classificação leva em conta a avaliação da trajetória do peso do paciente ao longo da vida e não apenas o peso atual. Pacientes que chegaram ao peso máximo que já atingiram ao longo da vida e nesse momento estão próximas desse valor, são classificadas como obesidade “inalterada”. Já aqueles pacientes que conseguiram perder 5 a 10% de peso, levando em consideração o peso máximo, podem ser classificados em obesidade “reduzida”. Perdas de peso superiores a 10% são classificadas como obesidade “controlada”. Essa abordagem é interessante pois permite ao médico valorizar perdas de peso menores, mas que já trazem enormes benefícios à saúde dos pacientes.
Principais tratamentos da obesidade
O tratamento da obesidade deve ser definido e guiado por um médico especialista em endocrinologia e metabologia, buscando uma combinação de cuidados: melhora dos hábitos alimentares, atividade física e medicações.
Mudanças na alimentação
O tratamento da obesidade é baseado em estratégias que garantem déficit calórico, ou seja, o consumo de calorias precisa ser reduzido. É necessário gastar mais calorias do que consumimos.
Existem uma série de planos alimentares, como a dieta do mediterrâneo, o jejum intermitente, a dieta cetogênica, entre outros. O princípio de planos alimentares com objetivo de perda de peso é garantir estratégias de auxiliem a redução das calorias consumidas, dando prioridade para alimentos saudáveis e garantindo uma quantidade adequada de macro e micronutrientes.
O plano alimentar prescrito para um paciente não necessariamente é uma boa opção para outro paciente. Pessoas diferentes, com rotinas diferentes e preferências diferentes merecem planos alimentares diferentes.
Evite fazer dietas mirabolantes por conta própria. A obesidade é uma doença complexa que merece a atenção de um especialista. Procure atendimento com um endocrinologista ou nutricionista para ter auxílio nessa caminhada.
Práticas de atividades físicas
O exercício físico é essencial para o tratamento da obesidade. Além de ajudar no déficit calórico, possibilita a melhora da composição corporal, melhora da qualidade do sono, redução da ansiedade e prevenção de outras doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares. A prática de exercício físico é uma das estratégias mais importantes para auxiliar na manutenção do peso perdido ao longo dos anos.
É importante ressaltar que pacientes sedentários não devem iniciar uma prática física extenuante de forma imediata. É necessária uma avaliação médica antes de iniciar os exercícios e, sempre que possível, ter um educador físico trabalhando em conjunto para ajustar o tipo e a intensidade do exercício para cada paciente.
Medicações para tratamento da obesidade
As medicações para o tratamento da obesidade auxiliam o paciente a alcançar e manter o déficit calórico. Atuam na inibição do apetite e aumento da saciedade ou reduzindo a absorção de gordura pelo intestino.
Dentre as opções de medicação para o tratamento da obesidade disponíveis no Brasil, podemos citar: sibutramina, orlistate e os análogos de GLP-1 (liraglutida e semaglutida).
Por ser uma patologia complexa, não é incomum a necessidade de associar medicações para o tratamento da obesidade. A escolha do tratamento se baseia no padrão alimentar e nas características de cada paciente. É importante lembrar que existem contraindicações ao uso dessas medicações, não sendo recomendado seu uso sem orientação médica.
O tratamento medicamentoso deve sempre vir associado a mudança dos hábitos de vida.
Cirurgia para obesidade
A cirurgia bariátrica é uma opção de tratamento da obesidade para pacientes com obesidade grau II associado a comorbidades e obesidade grau III. É indicado para pacientes que não tiveram sucesso com tratamentos clínicos previamente. A cirurgia bariátrica deve sempre vir associada a mudanças de hábitos de vida – alimentação saudável e exercício físico. Existem tipos diferentes de cirurgia bariátrica, a depender da técnica cirúrgica empregada:
- Bypass gástrico: gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”, ou seja, redução do tamanho do estômago e desvio do intestino delgado, promovendo restrição a ingestão de alimentos e menor absorção de calorias e nutrientes.
- Gastrectomia vertical ou sleeve gástrico: redução do tamanho do estômago, que fica com capacidade reduzida (entre 80 e 100 ml)
- Duodenal Switch: é a associação da gastrectomia vertical e desvio do intestino.
- Banda gástrica: uma faixa ajustável é aplicada ao redor do estômago para reduzir seu tamanho e capacidade volumétrica;
Dicas para não desistir do tratamento
O tratamento da obesidade é desafiador para profissionais de saúde e pacientes. É necessário entender a doença e o conceito de ser um processo crônico. É importante alinhar as expectativas, procurar motivação e entender que pequenas perdas de peso já trazem grandes benefícios à saúde.
Não tenha medo de pedir ajuda e dizer ao nutricionista e ao endocrinologista as dificuldades que está enfrentando.
Construa estratégias que você conseguirá manter no longo prazo. Para isso, escolha um exercício físico que lhe dê prazer, estabeleça metas atingíveis, evite dietas muito restritivas por períodos prolongados, não tenha receio de voltar ao médico ou ao nutricionista caso não tenha tido sucesso com a estratégia/tratamento proposto.
Saiba mais sobre esse e demais tratamentos realizados pela Dra. Milena Miguita
Fontes:
– Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
– Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
– Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO)