Conheça quais as principais consequências da obesidade, como fazer o diagnóstico dessa condição e a importância do acompanhamento médico especializado para tratamento adequado.
As consequências da obesidade são diversas e comprometem a expectativa e a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, o IBGE estima que cerca de 27 milhões de pessoas têm obesidade e quase 50 milhões têm sobrepeso, números alarmantes que refletem a grande prevalência dessa comorbidade.
O diagnóstico da obesidade é clínico, realizado por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Divide-se o peso em quilos pela altura em metros ao quadrado – Peso/(altura)².
IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2 são considerados normais, entre 25,0 e 29,9 kg/m2 é diagnosticado o sobrepeso e, acima de 30 kg/m2, o paciente é considerado obeso.
A obesidade é subdividida em graus, sendo classificada em obesidade grau 1 quando o IMC é de 30 a 34,9 kg/m2, grau 2 quando o IMC fica entre 35 e 39,9 kg/m2 e grau 3 quando o IMC é maior ou igual a 40 kg/m2.
Realizar o diagnóstico correto é importante para entender os riscos e consequências da obesidade e assim procurar a melhor opção de tratamento.
Confira a seguir as consequências da obesidade conforme informações cedidas pela endocrinologista Dra. Milena Miguita Paulino.
9 consequências da obesidade
Um paciente acima do peso deve ser orientado sobre as diversas consequências da obesidade para que seu tratamento seja realizado de forma global, abrangendo não só a perda de peso, mas também o manejo das doenças que podem vir associadas ao excesso de peso.
1. Doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são as principais causas de óbito na população brasileira. Destacam-se o acidente vascular cerebral (AVC), o infarto agudo do miocárdio e a hipertensão arterial como os três principais grupos de doenças que mais matam no nosso país.
A obesidade é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares. Com um acompanhamento médico adequado, esse fator de risco pode ser modificado visto que perder peso de forma satisfatória está associado a uma redução do risco de desenvolvimento de doenças do coração e em redução de mortalidade.
2. Problemas de colesterol
A obesidade e os hábitos de vida associados a essa comorbidade, como sedentarismo e má alimentação, estão relacionados ao descontrole dos níveis de colesterol. O colesterol é composto pelas frações: HDL (colesterol bom), LDL (colesterol ruim), VLDL e triglicérides.
Pacientes obesos têm chances maiores apresentarem colesterol LDL alto, HDL baixo e triglicérides altos, o que aumenta os riscos de formação de placas nas artérias, resultando em seu entupimento, situação que está relacionada com a ocorrência de AVC e infarto do miocárdio.
3. Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 é definido como o aumento nos níveis de glicose no sangue, que ocorre devido à resistência a ação da insulina ou redução da sua secreção pelo pâncreas. A obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, inclusive em idade precoce.
A perda de peso pode melhorar de forma significativa o controle da glicemia, com redução do número de medicamentos usados para controlar o diabetes. Em alguns casos, a perda de peso pode inclusive levar a remissão do diabetes.
4. Doenças osteoarticulares
Uma das consequências da obesidade são as doenças osteoarticulares, com acometimento principalmente da coluna e das articulações dos membros inferiores. O excesso de peso resulta em um processo degenerativo nas articulações, causando dores crônicas, dificuldade de mobilidade e limitação para prática de exercícios físicos.
Isso gera um ciclo vicioso, pois dificulta que o paciente obeso se exercite, resulta em mais ganho de peso e pode levar a mais sobrecarga e piora das dores e limitações físicas.
5. Doenças psiquiátricas
O estigma da obesidade e a discriminação que pacientes obesos podem sofrer em ambientes de trabalho ou até em serviços de saúde pode contribuir para baixa autoestima e menor convívio social, em alguns casos resultando em transtornos de ansiedade e depressão.
Outro ponto importante é que algumas medicações utilizadas para tratamento de transtornos de humor têm como efeito colateral ganho de peso importante.
6. Infertilidade e hipogonadismo
Mulheres com obesidade e resistência à insulina podem apresentar irregularidade menstrual e ciclos anovulatórios, trazendo como consequência a infertilidade.
Nos homens, o excesso de peso pode causar hipogonadismo, resultando na redução dos níveis de testosterona e redução da produção de espermatozoides. Os principais sinais e sintomas nesse caso são redução do desejo sexual, desânimo, falta de energia e infertilidade.
7. Doenças respiratórias
Entre as consequências da obesidade incluem-se as doenças respiratórias como a apneia do sono — que consiste na obstrução da passagem de ar pelas vias respiratórias superiores durante o sono, levando a roncos e engasgos noturnos.
A apneia do sono pode ter consequências negativas à qualidade de vida, fazendo com que o sono não seja reparador e resultando em cansaço, sonolência diurna e falta de concentração. A apneia do sono também aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial.
Além disso, a obesidade está associada a um maior risco de desenvolver asma e tromboembolismo pulmonar.
8. Câncer
O IMC elevado está associado a um risco aumentado de diversos tipos de neoplasias malignas. Alguns exemplos de cânceres mais associados a obesidade são: mama, ovário, endométrio, cólon, pâncreas, estômago, tumores de fígado, entre outros.
Além do maior risco de desenvolver o câncer, o paciente com sobrepeso e obesidade também tem maior mortalidade por essa doença.
9. Complicações da Covid-19
Estudos observacionais recentes constataram que pacientes obesos têm maiores chances de complicações quando infectados pelo COVID-19, podendo desenvolver quadros graves da doença, com necessidade de ventilação mecânica e evoluindo com maiores taxas de mortalidade.
Como já foi descrito anteriormente, a obesidade tem relação com outros problemas respiratórios, diabetes e doenças cardiovasculares que também aumentam a gravidade da infecção pelo COVID-19.
Portanto, são diversas as consequências da obesidade, de forma que pacientes devem buscar suporte médico especializado para diagnóstico da condição e definição do tratamento mais apropriado. Agende sua consulta e saiba mais!
Fontes:
Clínica de endocrinologia – Dra. Milena Miguita;
IBGE;