O paciente que se submete a uma cirurgia bariátrica deve conhecer os cuidados pós-operatórios necessários com a alimentação e demais áreas
A cirurgia bariátrica é uma opção segura para o tratamento da obesidade em pacientes que não obtiveram sucesso com métodos conservadores ou que apresentam riscos de complicação de saúde devido ao excesso de peso. Os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para realizar a cirurgia são: pacientes com IMC maior que 40 kg/m² ou que tenham IMC maior que 35 kg/m² e pelo menos um problema de saúde associado à obesidade.
Por ser um procedimento de grande porte, é importante saber como ele é feito e o que esperar do pós-operatório da cirurgia bariátrica.
Como é feita a cirurgia bariátrica?
A estratégia da cirurgia bariátrica é focada na redução do tamanho do estômago, associada ou não ao desvio das alças intestinais. Isso resulta em uma menor capacidade de armazenar os alimentos no estômago e uma menor absorção dos nutrientes no intestino. São diversas as técnicas possíveis para esse tipo de cirurgia, que pode ser aberta, por videolaparoscopia ou por robótica. É importante o conhecimento da técnica cirúrgica que será realizada para o melhor planejamento do pós-operatório da cirurgia bariátrica.
Tipos de cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica pode ser dividida em três tipos: restritiva, disabsortiva e mista.
Restritiva
As cirurgias restritivas são feitas com o objetivo de, justamente, restringir a quantidade de alimento que o estômago é capaz de receber e de armazenar, provocando assim uma saciedade precoce. Alguns exemplos de cirurgia restritiva são a banda gástrica ajustável e gastroplastia vertical em sleeve.
Disabsortiva
Na cirurgia bariátrica disabsortiva, o foco é reduzir a absorção dos alimentos por meio de intervenções principalmente no intestino delgado, sem alterar muito o tamanho e a capacidade de armazenamento do estômago.
Mista
As cirurgias mistas, como o próprio nome já diz, são procedimentos cirúrgicos que permitem restrição na ingestão dos alimentos e menor absorção das calorias e nutrientes. No geral, os procedimentos mistos permitem alcançar uma perda de peso mais pronunciada, o que influencia positivamente na manutenção do peso a longo prazo e na melhoria das doenças associadas à obesidade, principalmente diabetes e síndrome metabólica. A principal técnica de cirurgia bariátrica mista utilizada hoje é o bypass gástrico, que reduz o tamanho do estômago e desvia o trânsito intestinal, estimulando o aumento da secreção de hormônios da saciedade.
Como funciona o pós-operatório da cirurgia bariátrica e quais os principais cuidados?
O pós-operatório da cirurgia bariátrica varia principalmente de acordo com a técnica utilizada e com o acesso (aberto ou por videolaparoscopia – principal), mas de forma geral, os cuidados durante esse período envolvem:
- Dieta líquida nas primeiras semanas, para não comprometer as suturas, passando gradualmente para alimentos pastosos;
- Controle de dor com analgésicos;
- Ingestão de 2 litros de líquido por dia;
- Mobilização precoce: não permanecer em repouso total, sentando-se em poltronas sempre que possível e iniciando caminhadas progressivamente;
- Buscar suporte psicológico para enfrentar as inseguranças;
- Ingestão de complemento vitamínico.
Estado emocional após a cirurgia bariátrica
É preciso reforçar que os cuidados no pós-operatório da cirurgia bariátrica não envolvem apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais. Este procedimento causa uma grande mudança na rotina e na vida do paciente como um todo e pode gerar abalos emocionais.
Por este motivo, é de extrema importância que o paciente tenha acompanhamento psicológico para enfrentar as possíveis dificuldades decorrentes do pós-operatório.
Quais são os riscos da cirurgia bariátrica?
Por ser um procedimento cirúrgico, a bariátrica não é livre de riscos. Assim, complicações gerais de qualquer intervenção cirúrgica podem acontecer, tais como hemorragia, infecção, tromboembolismo, abertura das suturas, hérnia incisional, entre outros. O paciente que se submete à cirurgia bariátrica pode apresentar complicações relacionadas à manipulação do trato digestivo, como alteração do trânsito intestinal (constipação ou diarreia) e desidratação, gerando sintomas como fraqueza e queda de pressão.
Em relação a parte nutricional, os pacientes deverão manter acompanhamento contínuo pelo resto da vida para reavaliação constante do plano alimentar. Quanto mais disabsortiva for a cirurgia, maior a chance de complicações nutricionais, como anemias por deficiência de ferro, de vitamina B12 e/ou ácido fólico, deficiência de vitamina D e cálcio levando a osteoporose e aumentando o risco de fraturas e até mesmo desnutrição, nas cirurgias mais radicais. Reposições vitamínicas são feitas após a cirurgia e mantidas por tempo indeterminado.
Mulheres em idade fértil devem aguardar pelo menos de 15 a 18 meses para engravidar, pois o crescimento do feto pode ficar prejudicado devido a perda de peso importante que ocorre no primeiro ano de pós-operatório da cirurgia bariátrica.
Além disso, nos primeiros dias de pós-operatório da cirurgia bariátrica deve-se ficar alerta a sinais que demandam busca por atendimento médico imediato, tais como dor que não melhora com medicação prescrita, febre acima de 38°, vômito persistente e alteração de consciência e de estado mental.
Por isso, é tão importante fazer um acompanhamento cuidadoso do pós-operatório da cirurgia bariátrica com o cirurgião, o endocrinologista e com o nutricionista.
Quando bem indicada e o paciente está preparado física e psicologicamente para o procedimento, a cirurgia bariátrica é um tratamento excelente, contribuindo para a redução de mortalidade associada à obesidade. A perda de peso traz benefícios no controle de doenças associadas à obesidade, podendo inclusive levar à remissão do diabetes e normalização dos níveis de pressão arterial em pacientes previamente hipertensos.
Saiba mais sobre esse e demais tratamentos realizados pela Dra. Milena Miguita
Fontes:
– Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
– Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)